quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Curso de Cultura e Religiosidade - História das Religiões

História das Religiões – uma introdução
Mônica Valéria Silva de Queiroz Vargas


Breve panorama sobre algumas das religiões da contemporaneidade - para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre segmentos religiosos de um ponto de vista cultural e histórico - um passeio pela diversidade do saber humano. Bastante relevante para quem trabalha em sets terapêuticos, já que a religiosidade está entre nós de uma forma ou de outra.

Há duas modalidades de curso: o introdutório, com 8 aulas e o básico com 16 aulas. O investimento por aluno é de R$ 180 por mês.

Aulas expositivas de 2h, uma vez por semana. Com indicação de filmes, bibliografia e utilização de recursos audio-visuais.

Programa:

Primeiro Tema: Compreender para admirar, algumas assertivas sobre a temática Religião; Religião e História; Religião e Cultura; Religiosidade; O numinoso.
· módulo introdutório e básico: 1 aula

Segundo Tema: Religiões do Oriente - Shintoísmo, Taoísmo, Hinduísmo, Budismo e Jainismo
· módulo introdutório: 3 aulas
· módulo básico: 5 aulas

Terceiro Tema: Religiões do Livro - Judaísmo, Cristianismo, Islam
· módulo introdutório: 3 aulas
· módulo básico: 6 aulas

Quarto Tema: Religiosidade Afro-Brasileira
· módulo introdutório: 1 aula
· módulo básico: 2 aulas

Quinto Tema:
Algumas correntes filosóficas;
Discutindo o caldeirão cultural do Brasil;
Socialização do vivido.
· somente no módulo básico: 2 aulas

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Reiki e Arteterapia

Elizabeth Fernandes

Eu e minha jornada ...


Sou Administradora de Empresas por formação, Arteterapeuta por opção e Reikiana por devoção.

Minha jornada tem alguns pontos que coincidem com a trajetória de muitas pessoas. Ao longo da minha vida, passei por muitas provações e venci grandes desafios.

Sempre tive uma conexão forte com a espiritualidade, acessando o meu Deus interno, sempre que precisava buscar forças para ultrapassar e resolver as barreiras e dificuldades da vida.

Durante 20 anos, atuei como Administradora de Empresas, fundando e dirigindo empresas na área de saúde. Minha trajetória como executiva estava no auge, quando começaram a surgir questionamentos internos. Apesar do sucesso profissional e financeiro, eu não estava feliz...

O Reiki foi um grande “divisor de águas”. A partir do contato com essa energia transformadora, aliada a terapias de auto conhecimento como, Bioenergética, Renascimento e Arteterapia , mudei radicalmente a minha vida , e consegui entrar em contato com minha essência. Larguei minha promissora e rentável carreira de Administradora de Empresas e ingressei no mundo da arte, da beleza e do sagrado.

Concluí minha formação em Arteterapia, e atualmente estou voltada para o trabalho de viabilização de projetos nesta área, fazendo atendimentos, organizando grupos e atuando como arteterapeuta no Projeto Grupo Vargedo voltado para a 3ª Idade, que visa a promoção da saúde, com foco no envelhecimento saudável.

Atuo como terapeuta de Reiki, fazendo atendimentos individuais e participo do Grupo Borboleta Azul que faz atendimentos semanais a preços populares .

Atuando como Arteterapeuta e Reikiana, consigo proporcionar às pessoas, o acesso à conscientização de sua essência e de seu poder criativo, direcionando através da arte e do Reiki o caminho da harmonização e do equilíbrio dos corpos espiritual, emocional, mental, energético e físico.

Utilizo recursos terapêuticos, com respeito e em busca do que há de mais sagrado dentro de nós, o nosso Verdadeiro EU.

O que é Arteterapia?

A Arteterapia é um processo terapêutico que utiliza a arte em toda sua abrangência, como instrumento de conexão entre o mundo interno e externo do indivíduo. É um caminho através do qual, cada indivíduo pode encontrar possibilidades de expressão para, através de técnicas e materiais artísticos, processar, elaborar e redimensionar suas dificuldades na vida.


O que é Reiki ?

O Reiki é um procedimento terapêutico tecnicamente estruturado, já devidamente observado, estudado e testado, não necessitando da credulidade humana para ser utilizado em benefício de todos. É uma terapia com bases científicas que estimula e promove os processos vitais do corpo.

“Rei” é a energia sutil que permeia todas as coisas, tanto animadas, como inanimadas ( Energia Cósmica Universal ).

“Ki” ( Energia Vital Individual ) circunda nossos corpos e está presente em todos os organismos, mantendo-os vivos. Quando a energia “Ki” sai do corpo, ele deixa de ter vida.

O Reiki é um processo de encontro dessas duas energias e promove bem estar, acalma, alivia rapidamente dores físicas, acelera os processos de cura, atua em traumas emocionais e tendências auto-destrutivas.

É um caminho de harmonização interior com o universo.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Calatonia de Pethö Sandor e a Psicologia Analítica de C. G. Jung: O Toque em Psicoterapia

Nara Santonieri*
Por que é importante entrar em contato com as imagens psíquicas? Por várias razões: porque os conteúdos inconscientes são a matéria prima de nosso trabalho, porque o contato com tais conteúdos (devidamente considerados e compreendidos) é terapêutico, porque eles nos ajudam a relativizar nossa realidade consciente e, finalmente, porque “imagem é psique” (Jung, Estudos Alquímicos, parágrafo 75).
Quando isso se faz necessário? Para corrigir uma psique unilateralmente orientada. Racionalmente orientada.
Sabemos que uma psique orientada unicamente pelos instintos está fadada à doença (neuroses, psicoses). Da mesma forma a psique orientada unicamente pela vontade racional. Basear-se unicamente na razão é uma prerrogativa da mente ocidental. Não podemos deixar de reconhecer que sem suas qualidades de persistência, regularidade e intencionalidade a ciência e a técnica seriam impossíveis. A consciência é algo que nos confere valor e devemos zelar por ela.
No entanto, diz Jung que não devemos nos ater somente lá, nem cá, o caminho do meio é o recomendável. Uma consciência diferenciada é aquela que leva em consideração os aspectos irracionais da psique. A psique é tanto racional, quanto irracional; tanto consciência, quanto inconsciente.
O que falha nos pacientes neuróticos é a qualidade determinada e dirigida da consciência, enquanto os pacientes psicóticos encontram-se sob o influxo direto do inconsciente. O que se busca é justamente uma maior permeabilidade deste muro que separa inconsciente de consciência, o que parece ser um privilégio das pessoas ditas criativas e um problema para as chamadas pessoas normais que, acabam supervalorizando suas tendências conscientes.
O objetivo do tratamento analítico é, portanto, a permeabilidade dessa parede que divide consciência de inconsciente. É bom salientar, no entanto, que o inconsciente é inesgotável e que por mais que se trabalhe neste sentido, o que se obtém é, na maioria dos casos, um reajustamento da atitude psicológica que pode ser, mas nem sempre é, definitivo. Nenhuma adaptação é definitiva. “A vida tem que ser conquistada sempre e de novo”. (Jung, A Natureza da Psique, parágrafo 142).
Como proceder então? Certamente não é negando o inconsciente e sim lhe conferindo o valor que merece, por seu importante trabalho de regulação psíquica ao compensar nossas atitudes conscientes.
Existem pessoas capazes de produzir fantasias espontaneamente. Quando não o são, existem procedimentos que facilitam o seu surgimento e que consistem basicamente na eliminação da atenção crítica, criando um vazio na consciência que favorece o surgimento de fantasias que estavam latentes (Jung, 1991: 155).
Por que agir assim? Primeiro porque os conteúdos inconscientes são a matéria prima do nosso trabalho. Em segundo lugar o objetivo é a consciência daqueles conteúdos que de uma hora para outra podem se apresentar de maneira desagradável e, muitas vezes com conseqüências desastrosas para o indivíduo.
Quando não há produção de fantasias ou sonhos, Jung nos dá algumas sugestões de como nos aproximarmos do inconsciente.
Ao pacientes podem expressar suas imagens pintando, modelando, ou podem dançar e registrar seus movimentos desenhando, ou mesmo escrevendo.
Quando não existe uma queixa definida, (caso bastante freqüente, por sinal), mas um mal estar generalizado, sem sentido, uma resistência contra tudo e contra todos, um enjôo indefinido de tudo, tédio, uma insuportável sensação de vazio interior precisamos “criar” um ponto de partida. Neste caso a introversão da libido é necessária, através de técnicas que suscitem uma calma absoluta, que propicie o rebaixamento da atenção crítica consciente. De modo geral, aparece uma imagem da fantasia – talvez de natureza hipnagógica – que deve ser cuidadosamente observada e fixada por escrito (Jung, 1991: 170).
Podemos dizer então que deste encontro entre consciência e material inconsciente surge uma reação que influenciará decisivamente na continuidade do processo. A experiência prática é fundamental. A partir desta vivência, são possíveis duas tendências: a formulação criativa e a compreensão. Quando predomina a formulação criativa, o perigo é permanecer nos problemas estéticos da formulação artística. A compreensão, por sua vez, leva a uma intensa luta para compreender o sentido do produto inconsciente, e o seu perigo é a supervalorização do conteúdo e sua interpretação intelectual.
O que é importante não é o reconhecimento intelectual do produto individual, mas sua apreciação subjetiva, a compreensão do seu significado e do seu valor para o sujeito.
Assim como a unilateralidade da consciência limita o inconsciente, este, ao ser posto em liberdade, pode sobrepujar o ego, de forma extremamente perigosa. Corre-se este risco sempre que se estetiza ou intelectualiza o material do inconsciente.
Para que a personalidade se beneficie de uma função psíquica reguladora é fundamental que, neste confronto, se leve a sério o lado oposto. Isto só é possível quando concedemos ao inconsciente um voto de confiança. Só assim a consciência poderá beneficiar-se de sua cooperação, sem sofrer suas interferências desastrosas. Isto acontece quando o Eu confere alguma autoridade ao inconsciente, relativizando seu ponto de vista, deixando de ser o senhor absoluto dentro de sua própria casa, mas reconhecendo que em “si mesmo” existe um “outro” que merece ser ouvido.
Por meio de técnicas especiais de relaxamento que provocam alterações do foco de consciência é possível entrarmos em contato com imagens produzidas pelo inconsciente. O primeiro nome de arquétipo, para Jung, foi imagem, Imagem Primordial; só posteriormente o arquétipo recebeu este nome. Para Jung “tudo aquilo que se torna consciente é imagem, e ... imagem é alma”. (Jung, 2003: 75).
O relaxamento traz descontração e tranqüilidade, sensações muitas vezes desconhecidas, que facilitam a aproximação do eu de si mesmo. Esta aproximação, no mais das vezes, se dá através de imagens produzidas espontaneamente pela psique.
O relaxamento não só possibilita o contato com as imagens psíquicas, mas também (e é importante notar), segundo Sandor, durante o mesmo acontece uma troca intensa entre os processos fisiológicos, alterando ritmos, ativando a memória, promovendo reações que irão “retroagir sobre a afetividade, alterando, de modo intenso, também as reações da personalidade. O resultado será, além do ‘descanso’, o ‘desatar’ interno, a introspecção, e a reprodução construtiva das antigas vivências, atingindo-se assim, novas coordenações e estruturas psicobiológicas”. (Sandor, 1974, pp. 6).
A Calatonia, como técnica de relaxamento, terá enfoque especial aqui. Segundo Pethö Sandor, seu criador, a palavra calatonia se origina do termo grego khalaó, que significa relaxação, alimentação, afastar-se do estado de ira, fúria, violência, abrir uma porta, desatar as amarras de um odre, deixar ir, perdoar aos pais, retirar todos os véus etc. Ainda, segundo Sandor, a calatonia não implica somente soltura do tônus muscular, mas também, como foi dito no parágrafo anterior, a possibilidade de reorganização de tensões internas. É tanto uma técnica de relaxamento como um método de trabalho em si mesma. Só por isto podemos antever sua enorme eficácia em psicoterapia.
O profissional, devidamente treinado na aplicação de técnicas apropriadas de relaxamento, possibilita ao paciente aproximar-se das imagens produzidas espontaneamente por sua psique, e o ajuda a compreendê-las, à luz da teoria junguiana. O inconsciente é convidado a se apresentar, delicadamente, e o paciente encorajado, da mesma forma, a recebê-lo.
Creio que cabe aqui um esclarecimento: o que é ser um profissional ‘devidamente treinado’? Sandor sempre enfatizou a importância da vivência do profissional, antes mesmo que ele entre em contato com a teoria, a descrição da técnica. Saber, sentir o que acontece ao se colocar como paciente deste procedimento terapêutico. Creio que existe uma concordância fundamental entre Sandor e Jung, quando este último nos alerta da necessidade de o terapeuta ter passado pela experiência da análise. Podemos ir com o outro até onde fomos conosco mesmos. “Você tem que ser a pessoa com a qual você quer influir sobre o seu paciente. A palavra, a mera palavra, sempre foi considerada vã. Simplesmente não existe estratagema, por mais engenhoso que seja, capaz de burlar sistematicamente esta verdade. Não é o objeto da convicção que importa; o que sempre foi eficaz é o fato de se ter uma convicção.” (Jung, 1999: 167). “(...) a psicologia analítica exige, portanto, que se reaplique no próprio médico o sistema em que se acredita, seja ele qual for”. (Idem: 168).
Dos vários aspectos que compõem o trabalho com toques, e entre os quais se encontram as Imagens, um dos mais importantes é o desenvolvimento da capacidade de observação do interior de si mesmo. Ao aprender a observar, o paciente encontra um caminho para o inconsciente. O auto-conhecimento (entrar em contato com a persona, sombra, anima ou animus etc) pressupõe, em primeiro lugar, uma maior permeabilidade entre o muro que separa consciência de inconsciente; em segundo, a integração do outro em mim mesmo, (não sei bem se integração é a palavra certa, talvez relacionamento, seja mais precisa: estar em relação com o outro que existe em mim) e desta forma uma expansão da consciência.
É fundamental que o terapeuta esteja convicto da importância do treinamento de observar (o interior) sem interferir, e esta convicção provém da sua própria vivência. Só assim pode enfatizar a instrução de não se fixar em pensamentos ou mesmo imagens, deixá-los ir e vir sem se envolver com eles, apenas observar e registrar. E, depois, solicitar um relato, sem nenhuma indução, com a pergunta: Alguma observação? Dando tempo ao paciente para que isso aconteça. É assim que o paciente pode ir treinando a observar-se, e, aos poucos, as paredes que dividem Consciência de inconsciente se tornam mais finas, transparentes.
Não posso deixar de observar aqui uma grande concordância entre Sandor, com sua orientação de não interferência nas observações (Sandor, 1974, pp. 107); Jung, ao sugerir que devemos apenas deixar as coisas acontecerem psiquicamente, porque é isto o que ocorre e Lao Dsu, ao nos revelar O Segredo da Flor de Ouro: Wu Wei – deixar acontecer... (Jung, 2003: 20).
Ao propiciar uma reorganização das tensões, a prática da calatonia pode diminuir a ansiedade, amenizar depressões, além de possibilitar maior contato com o próprio corpo; melhorar o sono e estimular a lembrança de sonhos. Outros ritmos biológicos como apetite e atividade sexual também podem se alterar. Relatos de pacientes incluem melhora no funcionamento da digestão, do intestino, regulação dos batimentos cardíacos etc.

Pethö Sandor (1916-1992) nasceu na Hungria. Médico, desenvolveu a Calatonia trabalhando em hospitais da Cruz Vermelha durante a segunda grande guerra, em meio às necessidades geradas pela situação, à falta de recursos, em especial de medicamentos. Sandor observou que, em certas situações, ao tocar o paciente de determinadas formas, o “contato bipessoal, juntamente com a manipulação suave nas extremidades e na nuca, com certas modificações leves quanto à posição das partes manipuladas, produzia descontração muscular, comutações vaso-motoras e recondicionamento do ânimo em operados, numa escala pouco esperada. Nestes hospitais foram atendidos pacientes recém operados portadores das queixas mais variadas, desde membros fantasmas e abalamento nervoso até depressões e reações compulsivas”. (Sandor, l974, pp. 92).

Depois trabalhou por três anos na Alemanha. Desta vez não mais na área da cirurgia, mas em psicologia e neuro-psiquiatria, com pacientes em trânsito e vindos da própria população alemã ‘abalada e constrangida’ pelos acontecimentos da época. Já, nesta ocasião, Sandor começou a fundamentar teoricamente suas descobertas e, em São Paulo (Brasil), para onde veio em 1949, terminou por fazê-lo ao estudar mais profundamente a relação entre a córtex cerebral e os órgãos receptores periféricos.
O trabalho corporal de Pethö Sandor surgiu muito antes do interesse por técnicas corporais associadas à psicoterapia, que eclodiu na década de 1970. Desde então, seu trabalho foi se propagando e hoje é grande o número de profissionais que atuam e se interessam por integrar os recursos desenvolvidos por ele em seus atendimentos clínicos, especialmente na área da Psicologia.
Primeiro, explicamos ao paciente que tocaremos, suavemente, alguns pontos de seus pés (dedos, planta dos pés, calcanhar), a barriga da perna e por fim seguraremos sua cabeça, durante alguns minutos. Solicitamos que retirem brincos, pulseiras, relógios e cintos, isto é, qualquer objeto que possa incomodar, causar desconforto etc. Sapatos e meias, também devem ser retirados; óculos também não são necessários, é importante retirar as lentes de contato.
O paciente deve deitar-se em decúbito dorsal, com os calcanhares bem apoiados, com os braços soltos ao longo do corpo, com as palmas das mãos viradas para cima, depois, ao longo do exercício, poderá virá-las para baixo. Quando necessário, cobrimos suas pernas com uma toalha ou cobertor, dependendo da temperatura.
Em seguida sugerimos que não espere nada em especial, não pense em relaxamento, tentando usar alguma técnica especial, respire normalmente e permita que os pensamentos venham e vão, sem se fixarem neles, por ultimo sugerimos que feche os olhos, mas se preferir, pode ficar com eles abertos.
Inicialmente tocamos a polpa dos terceiros dedos dos pés, com os dedos medianos (por cima, próximo à unha) e os polegares segurando por baixo. Posteriormente, tocamos os segundos dedos dos pés com os indicadores; na seqüência os anulares tocam os quartos; os mínimos tocam os quintos dedos e, por fim, os hálux são tocados por todos os dedos juntos, apoiados pelos polegares. Em seguida é tocado o primeiro arco da sola dos pés, delicadamente, com os dedos mediano, polegar e anular conjuntamente; e logo após, o segundo arco da sola dos pés. Em seguida, apoiamos ambos os calcanhares nas palmas das mãos, ou melhor, seguramos os calcanhares, gentilmente. E logo após, os ventres do tríceps sural, (barriga da perna), enquanto os calcanhares apóiam-se em nossos antebraços, elevando ligeiramente as pernas do paciente. Para finalizar seguramos a cabeça do paciente com ambas as mãos, de tal forma que os dedos mínimos fiquem juntos, os medianos toquem a nuca na concavidade occipital e as orelhas fiquem entre os indicadores e os polegares.
Tocam-se os pontos por três minutos cada um e a pressão que se faz ao segurar os dedos e realizar os toques é a mais sutil possível, como se estivéssemos segurando uma bolha de sabão. Como são dez toques, o tempo que se leva para realizar a Calatonia é de meia hora.
Depois de segurar a cabeça do paciente por três minutos, retiramos as mãos muito delicadamente (qualquer movimento pode ser tomado como extremamente brusco, durante o estado de aquietamento) e iniciamos a “saída” do relaxamento. Sugerimos que ele movimente os dedos dos pés, das mãos; abra e feche os olhos; vire a cabeça para a esquerda e para a direita; encolha os ombros e solte os ombros. Respire profundamente e levante devagar, virando-se de lado, apoiando-se nos braços, para não tensionar o pescoço. As sugestões devem ser ditas em voz baixa, pausadamente, respeitando certo ritmo, dando um tempo ao paciente para a execução dos movimentos.
Solicitamos ao paciente que se arrume, calce os sapatos, eventualmente meias etc, dando-lhe tempo para isso e, se possível, saímos para lavar as mãos. É importante este tempo que o paciente fica sozinho. É claro que estamos falando de alguns minutos... Ao voltarmos perguntamos sobre eventuais observações. Como já foi dito antes, este é um momento muito importante do trabalho com toques. A observação deve ser estimulada sempre. (Sandor, 1974).
Não posso deixar de observar aqui, uma concordância entre Sandor e Jung: “tratar-se-ia , em primeiro lugar, da observação de qualquer fragmento da fantasia em seu desenvolvimento. Nada mais fácil, se não começassem aqui as dificuldades. Pelo que parece, ninguém tem fragmentos de fantasias, ou melhor, elas são por demais estúpidas, e por mil razões. É difícil concentrar-se nelas, é tão cansativo! E afinal de contas, o que resultaria de tudo isso? ‘Nada mais do que’ etc. A consciência levanta inúmeras objeções e de fato parece freqüentemente ansiosa por apagar a imaginação espontânea, apesar do firme propósito e da intenção de permitir que o processo psíquico se desenrole sem interferência”. (Jung, 2003: 20).
A diferença básica entre a calatonia e todos os métodos de relaxamento sugestivos é que ela é aplicada diretamente na pele, numa região que serve para a percepção e condução das mais diferentes qualidades nos mais diversos graus: pressão, calor, frio, dor. Permitindo ao paciente a experiência de várias sensações diferentes ao mesmo tempo. “O estímulo tátil possibilita, além disso, uma síntese de várias particularidades perceptivas, sintonizadas e sincronizadas numa configuração singular em cada indivíduo. É também conhecido o fato de que a sensibilidade cutânea apresenta aspectos entrelaçados de categorias protopáticas (componentes com acentuação vital-afetiva) e epicríticas (representações lógico-conceituais), numa intensidade que ultrapassa aquela manifestada em outras áreas de percepção sensorial”. (Sandor, 1974, pp. 99).
Segundo Montagu ao nascermos nossa sensação é protopática, isto é uma sensação generalizada, indefinida, tornando-se, com o tempo, mais localizada e crítica, de tal forma que, conforme crescemos, podemos localizá-la com precisão, esta é chamada de epicrítica. (Montagu, l988, pp. 239).
Sándor ao descrever a calatonia, refere-se à ressonância positiva entre terapeuta e paciente possibilitada pelo contato corporal diferenciado, e à quantidade de “material” que surge a partir desta relação. O que emerge é justamente a matéria prima do trabalho psicoterapêutico.
Sandor conclui, afirmando que a “calatonia possibilita também uma aproximação em escala extensa, a campos extra-racionais da psique (aos conteúdos uma vez já conscientes e àqueles que nunca o foram), às áreas de apoio transpessoal e àquele núcleo da totalidade psíquica que é muito mais do que apenas a soma dos seus componentes”. (Sandor, 1974, pp. 100).

BIBLIOGRAFIA
Jung, C. G. (2000) Estudos alquimicos. Obras Completas, Vol. XIII. Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro.
Jung, C. G. (1991) A Natureza da Psique. Obras Completas, Vol. VIII/2. Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro.
Jung, C. G. (1999) A Prática da Psicoterapia. Obras Completas, Vol. XVI/1, Editora Vozes, Petrópolis, Rio de Janeiro.
Montagu, A. (1988) Tocar – O significado humano da pele. Summus, São Paulo.
Sandor, P. (1974) Técnicas de Relaxamento. Vetor, São Paulo.

*Nara Santonieri
Psicóloga – Psicoterapeuta
Especialista em Psicologia Junguiana – UniIBMR
Analista trainee pelo Instituto Junguiano do Rio de Janeiro